Celebridade por um dia...
Fui na 25 de Março hoje... Milhares de pessoas (800.000 segundo o telejornal do SBT) se esmagando naquela rua que, se não for o maior centro de comércio de rua do planeta, está perto de ser...
Não consegui entrar na Pajé... Simplesmente não dava... E isso porque ainda estava cedo (?)... Eram 09:30 da manhã e ninguém conseguia andar naquele treco.
Bom, e eu que na minha saga hercúlea de comprar presentes para minhas 4 afilhotas, entrei na Koraicho da Barão de Duprat e fui entrevistado por uma belíssima repórter do SBT. Me perguntou um monte de coisa, sobre o que eu estava comprando, sobre preço, e patati-patatá... E eu, dei aquela ensaboada básica (politicamente correta, é claro) e não é que passei (10 segundos no máximo) no horário nobre ? Valeu. Quero meu cachê Seu Sílvio, viu?!?.
E nestas andanças entre uma loja e outra, entre um pisão aqui e outro acolá no calcanhar daqueles que não estão acostumados em andar num lugar onde aquela lei da Física que diz que dois corpos não ocupam o mesmo lugar no espaço foi abolida há anos, não é que eu tomei uma bica de 5 contos? Veja a história (mais uma para a série Coisas que só acontecem comigo): Estava eu carregado de sacola de brinquedos ali na Barão de Duprat, quando um cidadão me abordou assim:
- E aí beleza?
- Beleza?!?... respondi educado e já com a mão na carteira.
- Tú não lembra de mim não? – perguntou o caboclinho.
Pensei: De onde conheço esse cara? Seria da boa e velha Vila Maria onde trabalhei por alguns anos e todos os camelôs que faziam ponto na calçada da agência me conheciam? Sei lá... vou dar mais uma trela para este cara para ver até onde o bicho vai.
- Então cara, como vc está? – Perguntei como se tivesse lembrado mas ao mesmo tempo puxando assunto para ver se o cidadão abria mais alguma coisa.
- Tô bem, agora to aqui vendendo esse creme aqui. Olha leva e não precisa pagar nada não viu? Pó tu é meu chegado né? E aí como estão as coisas lá?
Lá onde? Te conheço de onde cara? O cara já tava me convencendo que eu conhecia ele de algum lugar. E o pior era que eu não conseguia lembrar e, como a Dona Carminha me deu educação, acabei dando mais mole para o cara. E ele continuou:
- Então, tô morando agora em Guarulhos. Tô com 3 filhos já. E de sábado venho fazer um bico aqui. Olha, leva mais essa aqui que é boa para aquilo viu?
Agora ferrou de vez! – Pensei – Além do cara me conhecer, mora em Guarulhos. Então com a minha “soberba sabedoria” pensei: Bingo! É da Vila Maria mesmo este cara!
Dei mais cinco minutos de papo com o cara e além das 2 pomadas, ele enfiou no saco mais uma e daí veio com aquela: Deixa só um café que tá tudo certo.
Daí eu falei:
- Cara tô rachado, devo ter aqui uns cincão no máximo...
E daí percebi que, ao contrário da música do Milton Nascimento que diz: “amigo é coisa pra se guardar, do lado esquerdo do peito...”, minha amizade que não existia, acabou naquele momento pois a cara que o caboclo fez foi hilária.
Mas eu dei os 5 conto. E ainda mandei aquela: Manda um abraço para o pessoal lá, beleza?
Dei as costas e fiquei pensando: De onde conheço este cara? E, cruzando a 25 de Março, outro amigo apareceu dizendo: Qual é meu irmão? Pronto, caí do cavalo. É mais um golpe (honesto e inteligente, diga-se de passagem) para chamar a atenção da gente.
Você distraído é abordado por um cara simpático que começa a perguntar como você está, conta sobre sua vida e te empurra alguma buginganga. Quando você já está íntimo desta pessoa, ele te pede um café (mas só um café porque vc é camarada dele) e daí vc dá 5 conto (como o trouxa aqui deu).
Mas, pelo menos não foi violento, não puxou uma faca ou revólver né? Me faz lembrar do tempo de nossos avós onde existia o ainda famoso Conto do Vigário. Pesquisei na net para saber o porque chamamos quem leva uma “engabelada” de cair no conto do vigário. Quer saber? Veja o link http://www.brasilescola.com/curiosidades/conto-do-vigario.htm (não é vírus, eu garanto).
Para compensar, pensei: Vou fazer uma boa ação! Indo para casa, nas escadarias do Metrô São Bento encontrei uma velhinha de uns 70 anos de idade, sentada, com uma caixinha de sapato e algumas moedas. Pensei em minha vó, que não tá muito bem de saúde. Puxei mais 5 conto e dei para ela. Falei: -Guarda Vó – E, ela sorriu e disse: - Deus lhe abençoe...
Ganhei o dia viu? Daí mais uma vez cheguei a conclusão que, nesta vida, temos que ajudar os outros. Fazer o bem é muito bom. Nunca vi a senhorinha da escadaria e nem o cara que me enrolou com suas pomadas miraculosas mas, quem sabe da vida deles? Será que se o cara da pomada tivesse condições, estaria ali, em pé num sol infernal, pagando o ridículo papel de fingir conhecer as pessoas para poder empurrar suas mercadorias? E a senhorinha não preferiria estar em sua casa, com seus filhos e netos descansando após anos e anos de vida? Pois é. Eu não sei e prefiro não saber. Faço a minha parte só.
Faça a sua.
Eu quero ler: Brasil, uma história de Eduardo Bueno
Eu quero ainda viajar para: Itália
Eu preciso: Assistir o primeiro capítulo de Heroes (2ª Temporada)
Eu ainda: termino minha coleção de carrinhos antigos. Hoje adquiri mais 5!
Um comentário:
Amigo, valeu pelo cumprimento da promessa e pela menção do meu humilde nome...
Saiba que o que você escreve não é besteira! São coisas muito inteligentes que me fazem pensar e, muitas vezes, me divertem. E ainda me fazem matar um pouquinho da saudade que sinto de São Paulo, esta terra que aprendi a gostar e muito!!!
Beijos e não nos deixe órfãos de sua sabedoria, ok?
Jaque
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